06/07/2007

Vivências virtuais I

desenho de Banksy

Porquê este desenho de Banksy para ilustrar o primeiro post sobre o tema da semana "Vivências Virtuais"?

Talvez para ajudar a perceber a associação que fiz entre o tema da semana e o desenho apresentado, escrevo a frase que me ocorreu imediatamente a seguir à leitura do desenho: "Most things look better when you put them in a screen".

6 comentários:

Rui Faria disse...

Vivências Virtuais podem ser desde a simples experiência de abrir a uma página na internet até ao café marcado para conhecer alguém com quem se trocam palavras durante meses num msn.

No entanto, quando se salta do "screen" a experiência passa de virtual para real.

Fui investigar o verdadeiro sentido da palavra "virtual"
Virtual significa possível, susceptível de se realizar, potencial, existente como potência ou faculdade (e não como acto) e, ainda, analógico. A palavra virtualidade não é propriamente sinónimo de atributo ou característica mas, antes, de potencialidade, potencial.

Vivências Virtuais não poderá ser uma possível troca de olhares com alguém que nos cruzamos na rua?
Deixo a questão no ar :)

Marta Pinto disse...

Há uma definição de "virtual" que me parece bastante completa (apesar de sucinta) em www.thefreedictionary.com/virtual

É claro que as vivências virtuais não são menos válidas do que as reais, são apens diferentes, permitindo realizações que muitas vezes as reais não o conseguem fazer.
Explico melhor: eu participo em dois tipos de comunidades virtuais que se fossem "reais" não seria possível participar devido à distância geográfica entre os colaboradores, a 1ª baseia-se na troca de emails entre professores de arte de todo o mundo através de "Teacher Art Exchange Discussion Group" da Getty Foundation, trocando ideias, dúvidas, sugestões, links, informações; a segunda é uma "network for art educators interested in exploring applications of new technologies in their classrooms". Sempre que interajo com os mesmbros destas comunidades penso sempre nas fantásticas vantagens do virtual.

O virtual é fabuloso porque supera as impossibilidades que o real muitas vezes tem.

Agora quanto à troca de olhares na rua...acho que a troca de olhares, o sorriso impossível de conter, são vivências reais. Se eu estiver a conversar online eu posso produzir sorrisos que correspondem ou não ao meu estado de espírito do momento;

Estive a ler o 1ºcapítulo de um livro no qual o seu autor fala do prazer que o ser humano tem pelo controlo das coisas...reflectindo agora mesmo sobre esse ponto relacionado com o virtual: talvez o virtual seja tão apelativo porque me parece que podemos ters mais controlo sobre as coisas (onde queremos ir, o que queremos conhecer, o que queremos dizer, como queremos parecer, etc...)

É uma questão interessantíssima esta a das "vivências virtuais"!
:)

clica no play disse...

vivências virtuais;
certamente que a pensamos que a realidade e a virtualidade podem se forma esperada cruzar-se sem que de-mos conta. como tudo que é polar, díspar e mesmo nada semelhante, tem como "fronteira " algo comum. quanto mais não seja A HIPOTESE. evidente que no âmbito da terminologia a palavra virtual surge não com a "era dos dinossauros" mas com a era da informática, onde uma janela que é o ecrã, nos mostra coisas bi e tridimensionalmente aproximadas a um real conhecido.
é real que o virtual é uma semelhança ao real, ou não?
quanto à questão da marta;
quando nos referimos a uma vivência virtual e num debruço sobre um jogo "2 life" como foi referido no post anterior, a dita vivência é mais ou menos virtual conforme a nossa realidade própria. faço-me entender? se eu souber o que é uma ilha, e se a quiser comprar neste jogo (por exemplo), certamente sei que preciso de adquirir um barco ou um meio de transporte aéreo para me fazer levar até ela. pois a pé sabemos que é impossível. no entanto se eu não souber o que é uma ilha, a minha vivência virtual será ainda mais virtual, dado o afastamento com a realidade.
quero com isto dizer que é mais virtual o que da realidade se "opuser".
necessitamos de vivências virtuais? ser-nos-ão necessárias?
para responder a isto penso um pequeno pensamento " desde o momento que temos um carro que nos leva a uma realidade diferente daquela que é "não o termos". sabemos que sem o carro quase não nos deslocamos aos nossos sítios habituais como o emprego, supermercado e afins. tornou-se numa realidade, numa "nossa realidade" necessária por termos tido a experiência de a usufruirmos. assim, o carro faz-nos falta como fará falta a vivência que seja mais ou menos virtual que possamos ter caso tenhamos experimentado e que sobre tudo a sua experimentação tenha sido satisfatória à nossa real condição como indivíduo.
verdade que toda a experiência virtual permite a hipótese e a incógnita mais que qualquer experiência real. podemos ter uma segunda , terceira e mais identidades, podemos fazer e ser especulativos com mais intensidade do que na realidade física e visível.

a palavra "virtual" hoje , sai já do mundo dos computadores fazendo com que esta recente terminologia seja também aplica a momentos de vivência real mais estranho e de maior afastamento com as congruências da normalidade dita histórica das nossas relações com o "mundo". no entanto as vivências virtuais presumo terem havido sempre, aquando da recorrência de símbolos e signos e certamente alguns sinais passíveis de inúmeras interpretações.
deixa de ser virtual só o que é informático passando a ser também "virtual " algumas realidade mais hipotéticas, estranhas e incógnitas que vivamos. é uma questão hermenêutica?, certamente que sim.
o virtual recorre a símbolos. disso não temos duvidas. sejam eles interfaces ou que que forem, são contudo, susceptíveis de interpretações mais afastadas da "nossa" realidade do que os sinais reais e já muito conhecidos, como por exemplo o dito "sorriso".

para finalizar, não concordo com algumas afirmações que por vezes ouvimos e mesmo utilizamos: "o real e o virtual são dispares e são pólos afastados".
como referi à pouco aquando falava da "fronteira"; faço agora reafirmar que não é ilusória a virtualidade na sua grandeza, mas sim um impulso real à fuga do sentido de território, a passagem do privado ao público.
assim para mim atrevo-me a afirmar que " a virtualidade faz parte da minha realidade" pois a primeira é mais recente e consequente que, e do que a segunda.
eu vivo virtualmente. TAMBÉM.

intruso disse...

pois...
a moldura
(por vezes da imaginação)


...as fronteiras são de facto ténues e ambíguas,
penso eu.

Aurora Moreira disse...

Este é um tema sem dúvida muito interessante e que pode ser explorado sob muitas perspectivas diferentes...

Compreendo quando o Faria coloca a questão da troca de olhares com alguém com quem nos cruzamos na rua... parece-me que essa troca de olhares é real, é concreta, é espontânea e genuína... mas pode desencadear uma vivência virtual, algo produzido pela nossa imaginação, uma "fantasia" sobre ou com aquela pessoa...

por isso me parece tão difícil estabelecer uma fronteira entre o real e o virtual...

as nossas representações mentais sobre a realidade não serão também virtuais? ou serão 100% reais?
estou a pensar nos sonhos, nas fantasias, em situações que idealizamos, na nossa criatividade, que nem sempre conseguimos expressar... todas essas situações são experiências que podem não ter uma concretização real... são situações imaginadas, sentidas, vividas intimamente de uma forma única, sem muitas vezes serem partilhadas... não serão estas vivências mais "virtuais" do que as relações que podemos manter com alguém à distância, por exemplo, através da internet?
estas parecem-me muito reais, principalmente se forem verdadeiramente genuínas... parece-me que a virtualidade é introduzida pelo meio que utilizamos para comunicar e principalmente pela forma como o manipulamos para comunicar e para nos darmos a conhecer...

Pensando no nosso caso, será o "questionarte" uma experiência real ou virtual? fará sentido fazer esta distinção?

concordo com o Effe quando diz que "a virtualidade faz parte da minha realidade"; acho mesmo que as duas dimensões coexistem e se complementam...

Marta Pinto disse...

Moldura da imaginação! Gostei muito "Intruso", bonita associação:)está-me a dar que pensar...