03/05/2007

Arco (experiencia)

quero que vejam! http://www.youtube.com/watch?v=Pj4MVtoNWZc

4 comentários:

Marta Pinto disse...

Rui, adorei este teu post, aliás como se vê pelo que publiquei a seguir;)...questão puxa questão...

A ideia de colocar uma "não obra de arte" num local formalmente entendido como expositor de obras de arte, e esta não obra ser entendida como obra, já Duchamp nos tinha obrigado a enfrentar.
O que é também muitíssimo interessante é a maneira como cada pessoa interpreta aquele quadro! Isso sim, penso que deverá merecer um destaque especial, quem sabe, em próximos posts no Questionarte.

Já alguma vez tinhas pensado na questão contrária da "obra de arte" num local banal e por isso ser desconsiderada? Pelo menos na pintura eu sempre fui levada a crer que não...aliás quantas histórias não ouvimos de obras primas da pintura encontradas num sotão, num antiquário...etc! Parece suposto uma obra prima identificar-se como tal...admira-me que ninguém tenha posto precisamente a questão ao contrário!...
Ou então depende dos olhos de quem vê. Na exposição da ARCO se a jornalista entrevistasse um galerista, um crítico de arte, teriam eles considerado aquela pintura como uma obra de arte?

Se um músico, um maestro, um outro violinista, tivessem passado por Bell no metro teriam ou não identificado o violinista?

questão puxa questão

Aurora Moreira disse...

Eu também achei super interessante, Rui!
E o vídeo deixou-me a pensar noutras situações do quotidiano, às vezes até sem grande importância. Muitas vezes não somos suficientemente críticos e nem temos a capacidade de questionar... ou até questionamos, mas sem a capacidade/coragem de o expressar! O contexto em que as coisas acontecem, e também a valorização que os outros dão ou não a determinado acontecimento, objecto ou pessoa, acabam por condicionar, por vezes em demasia, a nossa perspectiva, não vos parece? Claro que faz parte do processo de socialização, e a opinião das outras pessoas deve ser valorizada, especialmente porque nos permite também desenvolver espírito crítico e argumentativo. Mas nem sempre é isso que acontece, normalmente há uma certo conformismo, simplesmente aceitamos... o que me parece demasiado 'castrador'... deixamo-nos (uns mais que outros) influenciar em demasia pelo que os outros pensam e pelo que é 'politicamente correcto' mediante o contexto em que estamos inseridos.

Um outro aspecto muito interessante e que o vídeo reflecte bem são as diferentes interpretações que cada pessoa dá perante a mesma obra... o que é que faz com que as pessoas tenham perspectivas tão diferentes?
Será quais as pessoas projectam as suas vivências naquele objecto abstracto? Será que dizem aquilo que lhes parece mais lógico, de acordo com o que é supostamente apreciar arte? Será que se esforçam por ver lá qualquer coisa, ou será que vêem mesmo? Colocam-se na pele do a artista? Haverá interpretações correctas e incorrectas? Ou serão todas válidas?

Rui Faria disse...

Bem, eu achei muito pertinente colocar uma questão destas no nosso blog. a subjectividade da observação.

Muitas das pessoas opinam em função do espaço envolvente, do contexto social talvez, eu contra mim falo.

Não seria mais fácil antes de opinar sobre uma obra, conhecer o seu autor? o seu percurso? o porque do seu trabalho? assim era mais fácil entendermos determinadas coisas que nos poem à frente. Avaliemos a nossa visão pelo sentido das coisas, não pelo contexto... digo eu! :)

Isabel disse...

É realmente uma questão interessante, não só da valorização actualmente dada ao contexto mas também, muitas vezes, da inocência com que opinamos sobre alguma coisa que, simplesmente não conhecemos. E, em vez de perguntarmos por exemplo "quem é o autor?", sobre o que é que trabalha, e por aí fora... quando nos fazem uma pergunta, somos logo levados a dar uma resposta, como se tal fosse obrigatório, como uma espécie de movimento natural. E nem somos capazes, muitas vezes, de questionar o porquê daquela pergunta, e de propor, em vez de uma resposta, uma nova pergunta.
Esta ideia fez-me lembrar um vídeo dos Monty Python que a Marta sugeriu sobre perguntar e questionar. Mas não sei. Fiz esta ligação, mas achei o video muito curioso!