Segundo definição do Dicionário da Língua Portuguesa, questionar e perguntar têm significados bem diferentes, vejamos:
Perguntar: fazer um pergunta a; interrogar; inquirir; pedir informações; investigar; tentar saber; indagar; proferir como dúvida para tentar obter uma decisão (…)*
Questionar: fazer questão; discutir; contestar (…)*
Em baixo apresento dois excertos do filme "The Holy Grail"dos Monty Python, penso que o humor e o exagero nos poderão ajudar a pensar sobre o que é realmente questionar.
*Dicionário da Língua Portuguesa (8ªEd). Porto: Porto Editora
6 comentários:
Depois de ver os vídeos e ler o teu post, Marta, fiquei a pensar no acto de aprender/ensinar.
Será que na aprendizagem/ensino é suposto construir-se um percurso onde é fundamental saber o que é questionar?
Questionar pode ser uma espécie de ferramenta da aprendizagem e do ensino?
Saber como questionar-se e questionar o outro?
Fazendo questão de repensar-se a si próprio e ao outro?
Escrevo isto a pensar na «diferença» - que apresentas - na língua portuguesa entre «questionar e perguntar» que a mim me parece sobretudo uma distinção a nível da atitude daquele que «quer saber» mais... daquele que procura esclarecer-se sobre algo ou então que se sente motivado para aprofundar uma situação, mesmo tendo sido dada como certa até então - uma verdade!
Por isso, penso que «instruir-se» não só passa por «ministrar os preceitos de uma ciência ou uma arte...» mas também (e sobretudo) por questionar... o que quer que seja que nos sintamos motivados para... perguntar?
Seguindo o teu (Marta) exemplo deixo a seguir o significado de «aprender» e «ensinar», talvez queiramos desenvolver a questão num outro post. Achei interessante esta ligação porque realmente é no contexto do ensino/apredizagem formal e informal que somos confrontados com muitas perguntas e poucas questões.
Será que é a forma como são colocadas que muda, ou será que tem a ver com o espaço que nos dão para responder (questionando)?
Vou pensar sobre isto...
Retirei os significados de http://www.priberam.pt e fiquei "presa" nas últimas palavras relativamente a ensinar... mas não conferi em nenhum outro diccionário.
Aprender
do Lat. apprehendere
v. tr., adquirir conhecimento de;
instruir-se;
ficar sabendo.
Ensinar
do Lat. insignare
v. tr., dar, ministrar os preceitos de uma ciência, de uma arte, etc. ;
instruir, leccionar;
doutrinar;
tornar destro;
amestrar;
esclarecer;
admoestar, repreender, corrigir, castigar.
Excelente reflexão Isabel!! Para mim, que investigo a importância do questionamento no ensino e aprendizagem, essas questões já me invadiram e inquietaram... para mim neste momento é muito claro que nesses contextos os professores colocam muitas perguntas e poucas questões... consequentemente, os alunos respondem a muitas perguntas, sem oportunidade para aprender e desenvolver a sua capacidade para questionar! Não são sequer criados espaços, nem é favorecido um ambiente na sala de aula propício a que tal aconteça... Sim, Isabel,"somos confrontados com muitas perguntas e poucas questões" enquanto alunos... e normalmente cometemos o mesmo erro enquanto professores, continuando sem saber questionar e sem transmitir um bom modelo aos nossos alunos! Porque aprender não se esgota no "adquirir conhecimento", deverá ir muito para além disso... e ensinar não poderá nunca ter como sinónimos "amestrar", "admoestar" ou "castigar"... Acho que estas questões não irão dar origem a um post, mas a vários ;)
Apenas uma simples questão... Qual a vossa opinião relativamente ao facto de "investigar" surgir como sinónimo de perguntar?
«consequentemente, os alunos respondem a muitas perguntas, sem oportunidade para aprender e desenvolver a sua capacidade para questionar!»(Aurora)
Sim, tens toda a razão Aurora. Tenho feito um esforço diário para que os meus alunos aprendam a questionar e não apenas perguntar esperando por uma resposta. Hoje tive que parar a turma (depois de ouvir várias reclamações dos alunos porque eu não lhes dizia excatamente "o que" e "como" fazer as suas esculturas a partir de várias embalagens de plástico), disse-lhes que eu própria tinha feito esculturas daquelas com 9 anos de idade (eles estão a fazer 12) e que não existe uma fórmula para fazer as esculturas, trata-se de experimentação, imaginação, tentativa/erro, desafio, pensar na melhor solução para trabalhar com os objectos que têm à sua frente. Expliquei que não há uma maneira certa e outra errada de fazer estas esculturas, sendo o mais importante o processo que o aluno desenvolveu para lá chegar, a sua imaginação para resolver o problema.
Estou cansada hoje! É um processo trabalhoso para o professor. Alguns alunos desistiram, outros vieram entusiasmados dizer-me que tinham conseguido descobrir uma maneira de fazer a sua escultura, outros andaram atrás de mim a fazer perguntas, mas hoje resisti e em vez de respostas questionei.
Durante a licenciatura dois professores diferentes chamaram a atenção para dois aspectos:
1- Formar alguém, não deve ser como pôr alguém numa fôrma (de bolo).
2- A escola deve ensinar a pensar.
Conclusão deve-se ensinar, proporcionar o ambiente ideal para que se aprenda a questionar...
Muito obrigado a todos.mais uma vez me ...
questionar coloca em movimento o saber....
Enviar um comentário