16/01/2008

Cor

(imagem 1)Fernando Calhau
(imagem2)Fernando Calhau

Em tempos houve em Guimarães uma exposição com desenhos do Fernando Calhau (1948-2002). Uma exposição que não me pareceu fácil de "receber", apesar de ir sempre muito receptiva para novas experiências e modos de ver. No primeiro piso do espaço havia sobretudo desenhos de garandes dimensões feitos com carvão (imagem1) quase tudo muito preto, no segundo piso via-se um pouco mais de cor (imagem2). Respirei fundo no segundo piso, senti-me mais leve e mais feliz como visitante da exposição. O facto de ter desenhos com cor foi um alívio para mim, um brinde. Mas fiquei a pensar nesta questão da cor, ou melhor dizendo, das cores e do alívio/prazer que senti ao vê-las.

Fui ver o filme "O Bom Alemão", gostei bastante do filme, mas no final já fora da sala de cinema não pude deixar de comentar "mas se fosse a cores seria menos 'pesado'". Eu que gosto de filmes a preto e branco, vi bastantes e continuo a ver. Mas o preto deste filme era mais presente deixando pouca margem para que os cinzentos aparecessem e isso deixou-me num estado emocional depois do filme totalmente diferente daquele que teria se este fosse a cores.

O que é que as cores têm?...

8 comentários:

Marta Pinto disse...

Hoje tive um dia longo de imprevistos! Amanhã ou depois publico sobre a felicidade:)

[A] disse...

THE LOVE BIT:

the colors we depend on are
red for raspberry jam, white
of the inside thigh, purple as
in deep, the blue of moods, green
cucumbers (cars), yellow stripes down
the pants, orange suns on ill-
omened days, and black as the
dirt in my fingernails.


also, brown, in the night,
appearing at its best when
the eyes turn inward, seeking
seeking, to dig everything but
our own. i.e. we make it crazy or
no, and sometimes in the afternoon.

Joel Oppenheimer (1930-1988)




[com estes dias de chuva ando a preto e branco; convenço-me que o importante é manter a cor na alma]

Marta Pinto disse...

Beautiful, so beautiful and colorful! :)
nestes dias de chuva em vez de arco-íris em forma de "arco", podiamos ter gotas-íris as gotas da chuva todas brilhantes a caírem.

Isabel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Isabel disse...

Muito bonito! ...
Penso agora que os efeitos da cor em nós são mais uma questão energética e não sei bem porquê sinto alguma felicidade quando penso nisto. Como se, a partir daqui, eu soubesse que qdo estiver triste, por exemplo, posso recorrer a uma cor para me confortar.
Na verdade é o que faço... recorro às cores para me equilibrar... e porque também em mim as cor tem efeitos por vezes até muito intensos.
Quando se trata de imagens, em filmes ou fotografias ou desenhos, que nos querem contar alguma coisa... sinto que a cor é determinante para a forma como as mensagens circulam mas como um complemento de outros aspectos também determinantes na expressão.
Por exemplo, esta semana vi um filme a preto e branco e de certeza q em cor seria totalmente diferente mas em momento algum do filme senti a necessidade de que tivesse mais do que as cores que ele já tinha. Talvez, para mim, este filme estivesse equilibrado o suficiente, de modo que eu não senti a necessidade de o compensar com mais cor... nem com mais nada!

intruso disse...

as cores têm/são luz percepcionada...
(c efeitos "emocionais" associados, dizem...)

curioso falares nesse filme,
gostei muito da fotografia
(contrastante, literalmente a preto e branco;
um "peso" muito interessante...)

Marta Pinto disse...

Sem dúvida que as cores têm "efeitos" emocionais associados e também os provocam...
O filme que a Isabel foi ver (eu sei qual foi: "400 Golpes" de François Truffaut) tem uma imagem muito mais clara porque permite que apareçam as gamas de cinzento.

Realmente as cores são um elemento determinante na força da expressão. Lembrei-me de algumas imagens do nosso amigo Effe, quando usa um vermelho que é mesmo a cor de um sangue brilhante...impressiono-me sempre!
:)

Marta Pinto disse...

Hello Barb!
Já ouviste dizer que "quando a esmola é grande...deve-se desconfiar" ;)