20/01/2008

Sobre a felicidade

No programa televisivo "Câmara Clara", do dia 30 de Dezembro de 2007, o tema de conversa foi a felicidade. Foi mostrado uma breve conversa tida com o sociólogo francês Alain Tauraine, sobre a possibilidade de aceder á felicidade, da qual transcrevo o seuinte:

«Alain Touraine - Para nós, no mundo moderno, as coisas mudam. Esperamos mais e não o recebemos. Portanto, quanto mais as coisas progridem, melhor vivemos e menos felizes estamos. A questão, portanto, é esta: haverá um lugar para a felicidade? Eu sou levado a dizer que nem por isso. Mas a única resposta verdadeiramente, é o reconhecimento da minha individualidade, e se possível, o reconhecimento do outro e de mim pelo outro. Sejam um, dois, três ou quatro. Mas, digamos, reconhecimentos mútuos dos sujeitos. Mas ao nível da sociedade não existe felicidade.
Eu diria que os movimentos sociais atingiram uma dimensão universal. Ou seja, ao fim ao cabo o que é que as pessoas dizem, hoje em dia? Eu quero ser tratado como um homem. Quero que respeitem a minha dignidade. Quero que respeitem aquilo que eu sou. Não quero ser humilhado ... eu tenho o direito à existência pessoal. E isso pode definir-se, naturalmente, de uma forma colectiva.»

Direito à existência pessoal, respeito pela minha dignidade, são duas afirmações que despertaram algumas reflexões para as quais não tenho obviamente uma conclusão. Mas concordo com ambas.

Deixo o link para a página web do "Câmara Clara", onde se pode aceder ao arquivo e rever online, todos os programas. O excerto do programa em que se conversa com Alain Tauraine, encontra-se no minuto 19:30.

3 comentários:

Marta Pinto disse...

Deixo um primeiro comentário para a Isabel. No fundo o que me aflige mesmo, é quando outros (sejam quem forem) tentam definir a nossa individualidade, criando com essa definição, uma moldura que nos poderá limitar mesmo que inconscientemente.

Isabel disse...

Pois... Marta... isso pode realmente ser aflitivo. Até porque, afinal de contas, não é irrelevante o que os outros nos dizem... e tudo nos toca particularmente fundo quando estamos mais sensíveis...

Aurora Moreira disse...

Sobre a felicidade...
Nunca tinha pensado nessa perspectiva, "quanto mais as coisas progridem, melhor vivemos e menos felizes estamos"...
"Esperamos mais e não o recebemos"... infelizmente também concordo; e diria mais, o problema não é só a expectativa que criamos mas aquilo que efectivamente damos, muito mais, e aquilo que não recebemos!
É fundamental receber o reconhecimento do outro para nos sentirmos felizes. O reconhecimento da nossa individualidade e do nosso valor parte de nós em primeiro lugar. O reconhecimento do(s) outro(s) é fundamental nessa construção.

"Haverá um lugar para a felicidade?"
Acho mesmo que não podemos ser felizes, mas que podemos sentir-nos felizes! Acho que não há um lugar para a felicidade, acredito que há muitos pequenos lugares para muitos momentos de felicidade!! Caso contrário não estaríamos a falar
Sobre a felicidade...